A história da Casa dos Cafés Portela confunde-se com a história do país, por altura da Revolução de Abril de 1974.
À conversa com Ângelo Pedro Marçal, proprietário e fundador desta conceituada marca de cafés portuguesa, ficámos a conhecer um pouco melhor a história desta casa de cafés, já que o sr. Marçal, como é carinhosamente conhecido, é um livro vivo e um contador da História, excelente. Trouxe de Angola o amor à terra e em 1975 a situação politica da época fez com que tivesse que abandonar os bens, as terras e a colheita desse ano e rumou a Portugal com a família. Aterrou no Aeroporto da Portela e não procurou casa muito mais longe: instalou-se com a esposa e os dois filhos no bairro da Portela de Sacavém, destino privilegiado de muitos portugueses que voltavam de África nesse tempo.
Recomeçar do zero não é fácil, mas Ângelo Marçal não é homem para baixar os braços e, após alguns contratempos, abriu a Casa dos Cafés, no recém inaugurado Centro Comercial da Portela, corria então o ano de 1977.
No inicio só vendia cafés para consumo em casa. Tinha as “bicas” para que os clientes pudessem experimentar os diferentes lotes de café que eram servidas em pequenas chávenas de barro (mais uma ligação à terra…?). Era, sem dúvida uma inovação: o cliente degustava, na loja, o que iria consumir em casa.
A pouco e pouco, este mesmo cliente, fiel e conservador, mas exigente no paladar, começou a exigir o café ao balcão e rapidamente a Casa dos Cafés Portela passou a ser ponto de encontro para quem queria tomar café ou chá. Além dos cafés, seleccionados e provenientes de lotes cuidadosamente escolhidos, os chás e os chocolates também passaram a fazer parte da oferta comercial da Casa dos Cafés, assim como os acessórios para cafés, as chávenas, bules e os bombons artesanais.
E a única Casa dos Cafés, no Centro Comercial da Portela já não chegava para atender todos os clientes. Tornou-se necessário a expansão para outros locais de Lisboa: Moscavide, Bairro da Graça, Gare do Oriente, Centro Comercial Vasco da Gama, Centro Comercial Colombo, Alvalade e, a mais recente, Rua dos Bacalhoeiros, em plena Baixa Pombalina.
Para mim, a Casa dos Cafés do Centro Comercial da Portela continua a ser a minha preferida. Ao final da tarde podemos sempre trocar dois dedos de conversa com o sr. Marçal ou com os moradores do bairro que foram os vizinhos de muitos anos.
Recentemente foram feitas obras de remodelação e decoração nas lojas mais antigas e a da Gare do Oriente ficou um mimo, com ar de café de gare ferroviária, lembrando vagamente viagens de comboio e encontros amorosos em cafés perdidos nas estações de transbordo. Mas todos os espaços ficaram lindos, com um ambiente fresco, leve, alegre e acolhedor.
Aconselho vivamente, para quem ainda não conhece, uma visita a uma destas lojas.
O atendimento é excelente, os mais de oitenta funcionários, espalhados pelas oito lojas garantem que bebe um café de primeira qualidade ou um chá aromático, que pode sempre acompanhar por bolos e bolinhos que são uma autêntica perdição. Se quiser levar para casa o café, aconselhe-se com quem sabe, qual o lote que vai ao encontro do seu paladar. E de caminho, compre também alguns chocolates belgas, para oferecer a quem degustar o café em casa, consigo.
A Casa dos Cafés tem Facebook e loja Online.
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